União de Freguesias Constantim e Cicouro
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Constantim

Desde cedo, o homem escolheu esta terra para se fixar, muito provavelmente devido à existência de linhas de água que dotavam os solos de ótimas aptidões agrícolas. Provas do povoamento longínquo desta região são os vestígios de um Castro romanizado que se encontra no outeiro da capela de Nossa Senhora da Luz a nordeste do aglomerado populacional.

O aglomerado desenvolve-se de forma dispersa sendo dividido a meio pelo rio fresno, envolvido por hortas e quintais, em alguns casos, com muros de xisto, com culturas hortícolas (batata, milho, beterraba entre outras hortaliças), por vinhas, lameiros, soutos, alguns carvalhos-negrais e povoamentos de resinosas nos pontos mais elevados.

Há já referências da população de Constantim em 1801, altura em que tinha 325 habitantes (177 mulheres e 148 homens), distribuídos por oitenta e cinco fogos. Este número revela um universo populacional bastante significativo para a época, muito provavelmente devido às já referidas boas qualidades do solo.

Cicouro

Cicouro aldeia velhinha
Do planalto mirandês
Tens Espanha por vizinha
Neste torrão Português
No passado foste vigia
Contra o vizinho leonês.

Teu velho povoado
É por uma cruz dividido
(o ribeiro e a estrada)
Que te abraçam como amigo
Entre Constantim e São Martinho
Tens marcos junto ao caminho.

Com tuas águas puras abundantes
Brotando do teu próprio seio
Com boas terras ao meio
São prazer dos habitantes
E, desde tempos distantes.

Com teus frutos bons e abundantes
Tais como as cerejas brancas-amarelas
Cultivadas por estes habitantes
E, tão raras nas redondezas
Gentes humildes e constantes
São bem dignas destas terras.

António Fernandes – Tiu Andreia

Área:21.5 km 2
População Residente (ATUALMENTE): 55 indivíduos
Atividades económicas: agricultura e pecuária.

Cicouro

É com estes versos que o Senhor António Andrés (Tiu Andreia) faz um breve retrato desta terra situada entre o Serro do Naso  e as planícies de Castela e Leão. As suas origens perden-se no tempo e por falta de estudos mais aprofundados ainda não se chegou a qualquer certeza sobre esse nascer, muito se discutindo sobre o sentido da palavra Cicouro, que estará relacionada com a tribo astur dos Cigurris, ou romana, pois também em Itália existe um Castro Cicurio, ou do basco zikirio, que significa centeio (a terra do Centeio), topónimo que poderia estar relacionado com Baldeon que, como afirma Ménendez Pidal, quer dizer vale fértil.

Cicouro, apresenta 14,51km² de área e situa-se a uma altitude média de 820 m. 

Terá ganho importância com a proximidade do Carril Mourisco que entra em Portugal na Cándena, a escassos quinhentos metros da povoação e próximo de dois baldios com água e pastos em abundância para as bestas utilizadas nas cargas e nas viagens: O Balhe de ls Lhameirones a dois lançamentos de pedra desde a raia, e o Balhe de la Baglina, onde nasce o Ribeiro de Matáncia que corre pelo centro da aldeia e depois se transforma em afluente do rio Angueira.

Cicouro tem quatro bairros: A Pataca – que segundo a memória coletiva será o local mais antigo e onde se situa a primeira fonte do lugar, escavada em xisto –, o Bairro  do Pombal, Bairro da Igreja e o Bairro Alto, este último mais recente e para onde a construção alastrou a partir dos anos sessenta / setenta do século XX.

Sempre Cicouro viveu da água e com ela. Conta-se que por esse motivo, o primeiro povoado terá existido nos Castros / Peinha Redonda / Molineira, local mais ameno mas com poucas nascentes necessárias à população.

Nascentes cobertas e protegidas do lixo, que ainda hoje brotam e se encontran espalhadas pela povoação, temos: a Fonte da Senhora, antiga, coberta por uma única lage que mais se assemelha a uma capa de anta; a fonte do meio do povo também apelidada de Fonte da tia Rita ou de Tia Mariana; e a Fonte de Baixo, que ainda hoje envia para o chafariz, a jusante, a água que sobra. Estas últimas foram construídas no século XX. Mais antiga, existe o que resta da Fonte das Almas, assim chamada porque por cima da pia existia um nicho com alminhas de madeira.

Entre 1940 e 1960, deu-se o grande boom populacional, porventura relacionado com colheitas mais abunadantes resultado do arroteamento das boas terras para trigo e batatas, como por exemplo os Cousses, Facho, Lhagonica, Prado, Raposeiras e Ponta de Cima do Monte, todas elas na área entre a povoação e a fronteira. Este crescimento populacional decresce com a emigração para França, Canadá – onde estão famílias inteiras – Brasil, Alemanha e mais tarde Espanha, somando a toda esta diáspora a migração para as cidades do Porto, Lisboa, Miranda do Douro e Bragança.

Hoje, vive sobretudo do trabalho na agricultura, silvicultura, construção civil e serviços prestados em Espanha, Miranda do Douro e São Martinho.

Alcides Meirinhos